11 novembro, 2004

Por um parto humanizado

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a cesariana seja empregada em apenas 15% dos partos. Em alguns países, ela alcança índices de apenas 7%. No Brasil, após uma campanha promovida pelo Ministério da Saúde, que diminuiu o valor pago por esse tipo de parto ao hospital e ao médico, estabelecendo o limite de 40% de cesáreas para pagamento, o Sistema Único de Saúde (SUS) apresentou índices próximos de 25%, em 2003. No sistema privado de saúde, os índices são muito mais altos e variam de 65% a 85%.

Na opinião do Dr. Ruy Pupo, pediatra, a opção pela cesárea se dá por conveniência do médico, da parturiente e de sua família, que se esquecem que o parto normal é considerado o mais saudável para a futura mamãe e para o bebê.

Respeito ao ritmo natural

A busca por um parto humanizado transformou-se em meta de diversas associações de defesa da saúde da mulher e da criança. O termo humanização carrega diversas interpretações, segundo Eliana Pommé, psicoterapeuta. Ao respeitar o funcionamento natural do organismo da mulher, atender ao seu desejo quanto à melhor posição no momento de dar à luz e esperar o tempo que for necessário para que o processo do nascimento seja concluído, estamos praticando a humanização do parto

Uma das Metas do Milênio, propostas pela ONU em 2000 e assinadas por 191 nações, a melhoria da saúde das gestantes ainda encontra graves barreiras para se concretizar até o prazo de 2015. No Brasil, de acordo com estudo “Objetivos de Desenvolvimento do Milênio — Relatório Nacional de Acompanhamento”, de setembro de 2004, elaborado pelo governo brasileiro e pelo Sistema das Nações Unidas no Brasil, estimativas apontam que a taxa de mortalidade materna tenha sido, em 2002, de 75,3 por 100 mil nascidos vivos (os países desenvolvidos registram no máximo 20 mortes nessa mesma proporção).

O caso brasileiro agrava-se diante da subnotificação de óbitos maternos e algumas pesquisas chegam a indicar um número até 67% maior que o estimado. Isso ocorre em função da ausência de realização de pré-natal ou pela má qualidade do serviço. A falta de assistência durante ou após o parto também tem levado muitas mulheres ao óbito.

A taxa de mortalidade só será reduzida a partir da disseminação de um pré-natal de qualidade, que esteja disponível para todas as gestantes. É nessa fase que se detectam problemas com a mãe ou com o bebê. O despreparo dos profissionais da saúde, a falta de humanização e a realização de serviços em condições precárias também agravam a situação.


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